Birdman (USA, Canada, 2014)


or (The Unexpected Virtue of Ignorance)


Mais conhecido por seus filmes com múltiplas narrativas não lineares, o diretor Alejandro González Iñárritu entrega com Birdman um tipo bastante diferente de cinema, quase único eu diria, focando em um pequeno grupo de personagens que desfilam pela tela dentro de um espaço contido e controlado: o teatro.


Transitando de forma tênue entre comédia e drama, Iñárritu acompanha seus personagens de forma absurdamente fluída e orgânica, em uma série de cenas longas e sem cortes. O filme é centrado em Riggan, interpretado por Michael Keaton, ator já veterano que nunca conseguiu se desvencilhar da imagem de seu personagem mais conhecido (qualquer semelhança com a relação entre Keaton e Batman não é mera coincidência). Assombrado por essa ideia, ele resolve dirigir e protagonizar uma peça de teatro na Broadway, na tentativa de ganhar respeito como ator e também como espécie de redenção junto às pessoas mais próximas, especialmente sua família.


O filme é bem sucedido em tudo que se propõe, seja como um simples drama ou como crítica ácida à era cínica e propositalmente vazia que estamos vivenciando. Um tema tão pesado e relevante (ainda que não seja novo), que poderia se tornar enfadonho nas mãos de um diretor menos talentoso, mas que aqui se transforma em obra-prima.

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Adam George Fischler


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