As Bruxas de Salém (USA, 1996)



Existe algo de muito interessante em assistir algum filme num determinado período e retornar a vê-lo uns 10, 12 anos depois. A quantidade de coisas pelas quais passamos influencia diretamente nosso entendimento de mundo e com o cinema não é diferente. Essa introdução poderia ser utilizada para vários filmes que acabaram se transformando através dos anos (Laranja Mecânica seria o melhor exemplo disso, já que não gostei muito a primeira vez que assisti) mas o assunto em questão é As Bruxas de Salém, filme de 1996 baseado na peça de Arthur Miller (que também assina o roteiro), escrita como metáfora ao Marcathismo e a caça aos comunistas. O mais fascinate é que na época eu percebi o filme somente num contexto básico, sem jamais imaginar que aquilo tudo era uma alusão à outra coisa. Lembro que mesmo assim tinha gostado bastante, mas nada se compara a vê-lo pelo que realmente é: um atestado contra a ignorância que sempre acompanhou o homem, em maior ou menor grau. Winona Rider, Daniel Day Lewis e, principalmente, Joan Allen estão em seus melhores desempenhos, demostrando como é fácil conseguir algo aproveitando-se da fraqueza de um sistema ou da crença na qual esse sistema se alimenta. Assim como nos recentes Boa Noite e Boa Sorte e A Vida dos Outros, ambos excelentes filmes, Salém nos mostra o quanto as pessoas estão dispostas a sacrificar-se em busca da liberdade, seja ela de discurso ou não.


p.s. Foi indicado para dois Oscars em 1997 mas acabou não ganhando o crédito que merecia, perdendo espaço para filmes inferiores, como Shine e O Paciente Inglês.


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