Irréversible X Enter the Void


Enter the Void (France, Germany, Italy, 2009)

Irréversible (France, 2002)

Sabe aquela velha discussão de forma X conteúdo?

Vendo os dois últimos filmes do franco-argentino Gaspar Noé, pude perceber que a forma do todo acabou deslumbrando o talentoso diretor. Em 2002 foi lançado Irreversível, que ficou famoso pela cena de estupro mais realista, e longa, que já assisti. Me lembro que quando o vi pela primeira vez, não pude formar uma opinião muito consistente, justamente pelo choque inicial da coisa toda. Fico feliz em dizer que revendo o filme 8 anos depois o espanto continua lá, mas ele veio junto com um sentimento de que tudo aquilo queria dizer algo importante sobre o ser humano, vingança e, principalmente, a efemeridade da vida. De seu novo filme, por outro lado, não consegui tirar muito mais coisa do que um livro espírita não fosse me dar. Lembro de uma crítica feita contra o americano David Fincher, por brincar demais com suas câmeras virtuais, fazendo com que elas atravessassem fechaduras, portas fechadas, etc, etc. A pessoa que não gostou daquela brincadeira, deve ter odiado essa aqui. Enter the Void é lindo de se assistir, é bem atuado e interessante, mas seu vício de linguagem acaba por tirar a atenção de algo que poderia ser legal (se usado com cautela), fazendo com que toda a banalidade do argumento seja colocada num raio x. De qualquer forma esse tentar não pode ser ignorado, nem os vinte minutos finais do filme, que trazem um certo alívio justamente por saírem do disco riscado que ficou tocando na uma hora e meia anterior. Fica a vontade de descrever algumas cenas bastante interessantes do ponto de vista estético (e também corajosas, eu diria), mas isso acabaria por estragar a experiência de quem ainda não viu.
Não posso esquecer de mencionar os créditos iniciais de ambos os filmes, que são um show a parte.
Irréversible *****
Enter the Void ****

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