Black Swan (USA, 2010)





O cinema do diretor Aronofsky sempre explora personagens em algum tipo de limite. Tivemos o matemático tentando encontrar Deus, drogados no fundo do poço (mesmo), a busca pela vida eterna e o lutador tentando contornar sua vida de excessos. Dessa forma, a situação em que eles se encontram pode incomodar muita gente, mas depois de 5 filmes já deu pra perceber que é justamente essa a intenção de sua obra: provocar. Seu último filme é mais um exemplo disso. Utilizando todos os recursos de seus filmes anteriores (closes, granulação da imagem, muita câmera na mão, etc) o diretor cria um espetáculo para os olhos e ouvidos da platéia, sem nunca deixar claro se o que estamos assistindo é real ou fruto da imaginação da protagonista. O filme nos faz torcer por uma Natalie Portman extremamente frágil e vulnerável, que se deixa consumir completamente por sua profissão, buscando nada mais nada menos que a perfeição. O balé é o pano de fundo perfeito para demonstrar essa obsessão, já que é de conhecimento geral o quão difícil e cheia de exigências (principalmente físicas) é a vida de um bailarino profissional. Flertando com o cinema de terror para criar um clima de constante pesadelo (algo que me lembra bastante Polanski, em especial Repulsa ao Sexo), o filme deixa o espectador em estato de tensão durante seus 108 minutos. Se eu tivesse o poder de premiar os melhores de 2010, Cisne Negro sairía na frente. Mas como isso não cabe a mim, é esperar que a academia tenha a decência de premiar (no mínimo) a atuação quase sobrenatural de uma atriz que tem aqui, o papel de sua carreira.

****1/2

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