True Grit (USA, 2010)


Desde sua cultuada estréia em 1984 com Blood Simple, os irmãos Coen construíram uma carreira admirável. Defensores ferrenhos do cinema independente, e provavelmente um de seus maiores expoentes no mercado americano, os irmãos são conhecidos por distorcer gêneros, criando filmes originais dentro de assuntos batidos; Temos o filme de gângsters (Miller´s Crossing), o policial (Fargo), a comédia romântica (Intolerable Cruelty), o thriller (No Country for Old Men), a lista é imensa. Acostumados a escreverem seus roteiros com os atores já em mente, a filmografia dos dois é calcada principalmente nos diálogos, personagens e situações bizarras, frequentemente fazendo uso da violência, na mesma medida que um Tarantino da vida. Falando nesse último, é interessante perceber como a indústria eventualmente acaba por abraçar seus filhotes rebeldes, que começam a carreira fazendo ótimos filmes com pouquíssimo dinheiro, para depois terem grandes orçamentos e menos liberdade criativa. Felizmente isso nem sempre acontece e os Coen são uma das maiores provas disso. Por maior que seja o orçamento de seus filmes (e eles estão aumentando a cada nova obra), a decisão final é sempre deles, que não se importam com a pressão exercida por estúdios, ou pelo menos fingem que não. Sua última empreitada é mais um filme de gênero (dessa vez o Western), vendido como filme de ação, mas que não passa de uma comédia recheada de personagens que mais falam do que atiram. Os diálogos continuam espertos, a fotografia linda (quase sempre feita por Roger Deakins) e as atuações memoráveis, com destaque para a menina e o cherife caolho, interpretado aqui por Jeff Bridges, um ator que deve aos diretores um de seus personagens mais icônicos, em O Grande Lebowski. Como muitos disseram esse é um Coen mais discreto, e acredito que isso se deve ao fato de ser baseado em um outro filme, algo dificilmente feito pelos irmãos, que geralmente trabalham com material de autoria própria. De qualquer forma eu não vi o filme original para poder comparar. Por fim, o enorme sucesso do filme acabará enchendo o bolso de todos os envolvidos, garantindo assim o futuro do cinema independente, ou quase.
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