Robocop (USA, 2014)

José Padilha segue o caminho de outros diretores brasileiros de sucesso e adentra o mercado internacional com um produto sem qualquer traço de personalidade ou ousadia.



A exemplo de seus conterrâneos Fernando Meirelles (que dirigiu o ótimo O Jardineiro Fiel e o regular Ensaio Sobre a Cegueira) e Walter Salles (do pavoroso Água Negra e do subdesenvolvido On the Road), Padilha ganhou bastante reconhecimento, sem falar nos rios de dinheiro, com os dois Tropa de Elite. Ainda que ideologicamente perigosa, a trajetória do Capitão Nascimento (no papel mais emblemático da carreira de Wagner Moura) esbanjava qualidades cinematográficas e foram estas qualidades que chamaram a atenção do mercado norte-americano.



Infelizmente, o projeto dado ao diretor nunca pareceu dos mais empolgantes: uma refilmagem do clássico Robocop dos anos 80, filme ágil e inteligente, reconhecido até hoje pelo alto grau de violência, marca registrada do diretor holandês Paul Verhoeven (outro talento importado por Hollywood)

A premissa básica continua a mesma: um policial perde quase todas as funções do seu corpo num atentado contra sua vida, mas ganha uma "segunda chance" ao ser transformado numa espécie de robô humanóide programado para lutar contra o crime.



Qualquer tipo de conflito humano e ético, que poderiam acrescentar peso à narrativa, é deixado de lado em nome da ação. Infelizmente, estes momentos não trazem nada de novo para um público já tão acostumado com Iron Man. Depois de bocejar na sequências supostamente eletrizantes do longa, sobra pouca coisa para entreter o espectador.



Não sei quanta liberdade foi dada ao diretor e por isso mesmo fica difícil apontar dedos. Salvam-se aqui os bons efeitos especiais (uma cena em particular parece ter saído de um pesadelo bio-mecânico) e os sempre ótimos Gary Oldman e Samuel L. Jackson.

Em caso de dúvida, opte por ver (ou até mesmo rever) o original.

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