The Book Thief (USA, Germany, 2013)


Todos os anos, mais ou menos na mesma época (entre dezembro e fevereiro), somos atacados por uma avalanche de filmes com um suposto pedigree de oscar. Muitos deles são realmente bons, enquanto que outros se aproveitam de fórmulas tão batidas que chegam a ser bem difíceis de engolir. Infelizmente, A Menina que Roubava Livros se encaixa nesta última categoria.

É bastante visível que houve um esforço gigantesco para fazer a coisa toda funcionar, mas não cola, não convence. Boa parte da culpa pode ser atribuída ao fato de o filme ser falado em inglês. Não é a primeira vez que uma história passada na Segunda Guerra, focando o tratamento recebido pelos judeus, se utiliza da língua inglesa para tornar-se, digamos, mais acessível ao público. A Lista de Shindler e O Pianista continuam sendo excelentes filmes, mas Brian Percival (quem?) está muito longe de ser um Spielberg ou um Polanski. Todas as vezes que um personagem falava inglês com um sotaque "alemãozado" eu tinha vontade de sair da sala. Como isso acontece inúmeras vezes por mais de duas horas, é impossível não se irritar.


Não li o livro (apesar de ouvir dizer que é muito bom), mas acho que nas mãos de alguém com mais sensibilidade, com mais tato, o strudel não teria desandado. É tudo muito óbvio, servido assado, cortado e mastigado, sem nenhum grau de sutileza. Narrado pela morte (que tem voz e presença de um narrador da Disvovery Channel), acompanhamos as desventuras da pequena Liesel, que é adotada depois de ser abandonada pela mãe. Ela não sabe ler, mas é ensinada pelo mega paciente pai adotivo. Depois de familiarizada com a palavra escrita, Liesel refugia-se na literatura e mostra sinais de um inesperado talento para escrita. Nos momentos em que não está lendo nem escrevendo, ela brinca com seu vizinho Randy (um dos piores atores-mirins que já vi).


Era de se esperar que num filme chamado A Menina que Roubava Livros, o roubo de livros tivesse bastante importância e presença no decorrer da narrativa, mas foi dada preferência para a tentativa (fracassada) de fazer emocionar. Ainda assim, vale dizer que os personagens dos pais adotivos (interpretados pelos sempre impecáveis Geoffrey Rush e Emily Watson) salvam o todo de um desastre completo. O mesmo não pode ser dito da protagonista, numa atuação tediosa e previsível.


Numa época com tantas opções boas no cinema, fica fácil deixar este aqui de lado e escolher outra coisa pra assistir.

**

Comentários

Postagens mais visitadas