Foxcatcher (USA, 2014)

Assim como fez no excelente Capote (em um já distante 2005), o diretor Bennett Miller cria um retrato sombrio do sonho americano e prova mais uma vez ser mestre na direção de atores.


O filme retrata a história real de dois irmãos, ambos medalhistas olímpicos, que se envolvem de forma peculiar e trágica com um ricaço entediado tentando mostrar seu valor para a mãe. Mark Ruffalo se sobressai como o irmão mais velho e espécie de figura paterna para o irmão mais novo (um decente Channing Tatum), mas o filme é quase todo de Steve Carrel. Ele cria um dos personagens mais patéticos e ameaçadores que eu já tive a chance de ver no cinema, alternando entre a relação quase doentia com a matriarca (algo que chegou a me lembrar de Psicose) e sua obsessão com o vencer sempre, a qualquer custo.


Com ritmo lento, mas nunca cansativo, Miller leva todo o tempo necessário para que seus personagens se desenvolvam, aumentando a tensão em direção ao final que aponta diretamente para a jugular do espectador. 

Sendo de uma frieza e melancolia fora dos padrões comerciais norte-americanos (algo que justifica o fracasso financeiro do filme) Foxcatcher talvez seja a obra mais injustiçada nas premiações deste ano, algo que nem de longe tira seu imenso valor como cinema de qualidade.


Escolha perfeita para um final de sábado cinza e chuvoso, em dobradinha com o já citado Capote.

****1/2

Adam George Fischler


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