Nostalgia de la Luz (France, Germany, Chile, Spain, USA, 2010)

A América Latina viveu uma espécie de período negro do fim da Segunda Guerra até a década de 80. Para evitar as revoluções vermelhas, os Estados Unidos apoiaram de todas as formas possíveis a não democracia em mais da metade das nações. Esses governos marcaram para sempre o destino e a memória coletiva de vários países, inclusive o nosso.


Nostalgia da Luz, filme chileno de 2010 sendo lançado aqui somente agora, trata exatamente disso: memória. Não somente a memória referente à ditadura no Chile, mas de como ela interpreta um papel vital na construção de um presente e futuro melhores.

Explorando o tema de diversas formas e contrapondo-as de maneira brilhante, o diretor Patricio Guzmán nos guia de olhos abertos através da poeira do Atacama e das estrelas, expondo uma ferida ainda bastante aberta e vermelha.

Chega a ser preocupante o quão pouco nós, brasileiros, buscamos saber a respeito da nossa própria ditadura, de como tal período deve ter destruído a vida de milhares de pessoas e criado algum tipo de mancha que qualquer país tentaria lavar, mas que continua ali independente de tal esforço.


Assim como aconteceu com o Holocausto, salvo as devidas proporções, é preciso que mais filmes, livros e afins sejam criados sobre o tema das ditaduras sul americanas. Que exista uma maneira de demonstrar, sempre, o quão maléfico e injusto é uma sociedade sem liberdade.


Nostalgia da Luz cumpre esse papel sem nunca parecer arrastado, emocionando e fazendo pensar com sua visão triste, ainda que muito esperançosa, de um povo que vive em um país cheio de contrastes naturais e sociais. Apostando em uma linguagem diferente da que estamos acostumados a ver, o filme é mais um poema que um documentário e seu tom quase autobiográfico transborda da tela através de seus personagens e das paisagens que os rodeiam.

****1/2

Adam George Fischler



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